Uma vez que o casal tenha sido avaliado e a indicação de ICSI formalizada, os passos seguintes apresentam vários aspectos em comum com o programa de fertilização in vitro clássico, excetuando-se a micromanipulação de gametas propriamente dito.
PRINCIPAIS ETAPAS:
Estimulação controlada dos ovários.
Punção dos folículos e aspiração dos oócitos.
Desnudação dos oócitos e classificação*.
Micromanipulação dos gametas e cultura in vitro*.
Transferência dos embriões.
Suporte de fase lútea.
*Estas duas etapas são as que diferenciam este programa (ICSI) do programa de fertilização in vitro clássico (FIV).

Esta técnica é possível de ser empregada em todas as pacientes que ovulem normalmente. Mulheres jovens que desejem evitar a estimulação dos ovários com os hormônios podem tentar o ciclo natural previamente. Também temos resultados muito bons em mulheres mais velhas e naquelas que apresentaram previamente pouca resposta à indução convencional. É o tratamento indicado para mulheres que – por uma questão de escolha e concepção – não querem fazer uso de medicações para a estimulação controlada dos ovários. Incluímos nestas condições as mulheres que não podem receber os hormônios devido ao risco de desenvolver neoplasias (câncer) dependentes de hormônios (como mama, por exemplo). É uma técnica mais segura e saudável do que o tratamento convencional que emprega hormônios em altas doses.
DETERMINANTES DO SUCESSO COM ICSI:
Os 3 parâmetros clássicos do espermograma, concentração, motilidade e morfologia, parecem não influenciar no resultado com a ICSI. Contudo há alguma discussão em relação à morfologia.
Alguns autores acreditam que a morfologia tem influência na taxa de implantação, enquanto outros acreditam que não há influência da morfologia sobre a taxa de implantação. Todos são invariáveis em apontar a idade da mulher, ou seja, a qualidade da reserva ovariana como o principal responsável pelo sucesso neste Programa. Com a técnica de ICSI pode-se esperar taxas de gravidez entre 40-50% por ciclo.

HÁ RISCOS GENÉTICOS PARA A PROLE QUANDO EMPREGAMOS A ICSI?
O emprego da ICSI oferece um tratamento efetivo para os pacientes com fator masculino grave. Se houver espermatozóides viáveis, a taxa de gravidez não é afetada pela qualidade do sêmen porque esta técnica atravessa a zona pelúcida e o oolema para transferir o genoma masculino diretamente no ooplasma do oócito.
ICSI também pode ser realizada em homens azoospérmicos, uma vez que os espermatozóides possam ser obtidos do epidídimo ou do testículo. Todavia, como o espermatozóide usado para a fertilização é selecionado pelo operador, e não selecionado naturalmente pelo trato reprodutivo feminino, zona pelúcida ou pelo oolema, preocupações têm sido levantadas em relação à transmissão de anormalidades genéticas para a próxima geração. Embora, existam artigos na literatura apontando uma incidência maior de anormalidades relacionado ao cromossoma sexual, ICSI é compatível com o nascimento de crianças saudáveis, e é um procedimento que não pode mais ser considerado experimental.
Um estudo com um número grande de crianças nascidas pela técnica de ICSI (Bowen, 1998), conclui que estas crianças aos dois anos de idade apresentavam o mesmo desenvolvimento que crianças nascidas pela técnica de fertilização in vitro convencional e, ambos os grupos apresentavam um desenvolvimento superior àquelas nascidas de pais férteis por reprodução natural.
Já um outro estudo mais recente (Maher et al, 2003), demonstra que as técnicas de reprodução assistida, especialmente o ICSI, aumentam o risco do nascimento de crianças com as Síndromes de Beckwith-Wiedemann e de Angelman. Ainda assim, estes riscos são extremamente baixos, não contra-indicando o tratamento.
VEJA TAMBÉM:
Referências na Literatura Médica:
- Bowen et al. Medical and developmental outcome at 1 year for children conceived by intracytoplasmic sperm injection. Lancet. 1998 May 23;351(9115):1529-34.
- Maher et al. Beckwith-Wiedemann syndrome and assisted reproduction technology (ART). J Med Genet. 2003 Jan;40(1):62-4.